segunda-feira, 18 de julho de 2011

AUTOCRÍTICA DE UM GRANDE MESTRE

DEFENDENDO A DEFESA ALEKHINE


GM Lev Alburt, defensor incondicional da Defesa Alekhine

GM Ljubojevic -
castigou a ousadia de Lev Alburt



Ljubojevic - Alburt,Lev [B04]

Aberto de Nova York, 1985

[Alburt,Lev]

Durante quase vinte anos tenho respondido a 1.e4 com 1...Cf6, a chamada Defesa Alekhine. Entre os grandes mestres, sou o único há fazê-lo exclusivamente em 99% dos casos. Uma aproximação tão exclusiva a uma abertura tem suas vantagens, como também seus inconvinientes. A favor de meu método, poço afirmar que, ao jogar esta abertura tantas vezes, tenho tido a ocasião de conhecê-la a fundo. Sei o que tenho de evitar e o que buscar nela. Não me assusta nem sequer ter de defender variantes claramente inferiores, se sei como manejá-las. Em outras palavras a experiência é frutífera. Pois miremos agora a outra cara da moeda. O maior perigo que pode me acontecer é que ao fazê-lo, pise em uma mina - quero dizer, uma variante de laboratório preparada durante dias ou meses antes de nosso encontro com o adversário. Entretanto esta tática dá na maioria das vezes resultados contrários a os esperados. Pode, por acidente, escolher uma variante diferente da moderna, ou pode as vezes descobrir a dita mina com antecedência e contra-atacar com uma inovação teórica por minha parte. As vezes pode descobrir uma refutação diante do tabuleiro. As vezes basta obter a igualdade, ou as vezes achar uma variante defensável - porém inferior; logo a minha grande experiência com a Alekhine me basta para minimizar o perigo, anulando -a, ou as vezes, ganhando se meu adversário arrisca em demasia. Finais deste tipo tem ocorrido na maioria das vezes em minhas partidas. 1.e4 Cf6 2.e5 Cd5 3.d4 d6 4.Cf3 Esta partida se jogou na penúltima rodada, quando eu era o líder com cinco vitórias (conseguidas nas cinco primeiras rodadas) e dois empates, mostra que Ljubojevic tinha meio ponto a menos do que eu. 4...g6 5.Ac4 Cb6 6.Ab3 Ag7 7.Cg5 e6 8.Df3 De7 [Em ocasiões anteriores, eu havia as vezes jogado 8...0-0 , leva a situação pouco clara após 9.Dh3 h6 e agora 10.Cf3 dxe5 (10...Rh7 permite as brancas repetir posições com 11.Cg5+ pois não sou de jogar para empatar na Alekhine) 11.dxe5 Cc6 12.Axh6 Cxe5] 9.Ce4 dxe5 10.Ag5 Db4+ 11.c3 Da5 12.Af6

[As pretas estão na corda bamba fazendo jogadas únicas, as brancas desfrutam do privilégio( ou da sorte?) de ter um arsenal de resposta em seu favor. No match disputado entre Gran Bretanha e Estados Unidos em 1985, Nigel Short jogou contra mim 12.Cf6+ Rf8 13.d5 e4 14.Dg3 Ca6~~ ( jogada tranquila, sugerida por Short depois da partida), a posição é pouco clara, aguda e equilibrada.] 12...Axf6 13.Dxf6 0-0 14.Dxe5 outras continuações não oferecem as brancas compensação pelo peão, por exemplo: [14.Dg5 Rg7 , ou a mais agressiva (14...f5!?) ] 14...Cc6?! [>=14...Dxe5 . O final que se apresenta depois 15.dxe5 Cc6 , ou inclusive (15...Ad7 (este movimento do bispo faz parte do plano achado por estudantes de doze anos chamado K. K. Karanja, um experto de Nova York) é ao menos igual, e provavelmente ligeiramente melhor para as pretas. Se esta avaliação é correta, então todo o plano "pacifista" que se inicia com 12.Af6 deve ser inadequado, ao menos sobre o ponto de vista da teoria das aberturas. Isto pode levantar a dúvida sobre todo o sistema que se inicia com 8.Df3, ou inclusive antes. De qualquer modo, na atualidade só rechaçar as propostas de empate neste final, proposto por jogadores da mesma força que eu, ou inclusive mais forte. Assim pois, neste momento da partida, podia escolher, e fiz a escolha equivocada. Depois de 14...Cc6, considerei tão só 15.Da5 Ca5, com bom jogo para as pretas (ou ao menos uma igualdade fácil) passando por alto o que as brancas poderiam jogar.) ] 15.Dxc7 Cxd4 16.0-0!!
[Eu havia somente analisado 16.Cbd2? . O sacrifício de uma torre por parte das brancas me surpreendeu muito. Depois de uma longa reflexão, decidi aceitar a surpresa, rechaçando a mais prudente 16....Cc6, com posição inferior, porém defensável.] 16...Cxb3 17.axb3 Dxa1 o melhor intento prático, já que, depois de [17...Df5 18.Cbd2+/- as brancas estão muito melhor.] 18.Cf6+!

Na avaliação desta posição diria que em 10(dez) partidas de GM da mesma força, as brancas chegariam a ter 7,5 pontos contra 2,5 pontos das pretas. Em uma posição aguda como esta, a distribuição de resultados previstos é de 7 vitórias para as brancas, um empate e duas vitórias para as pretas. 18...Rg7? [Na realidade, tivesse feito aqui à única jogada correta (18....Rh8), a vantagem estaria do meu lado, porque a maioria dos planos naturais e das jogadas naturais, inclusive aquelas mencionadas por Ljubojevic depois da partida, não garantiriam as brancas uma vida fácil. Por exemplo: >=18...Rh8 A) 19.Df4 Cd5 20.Dh6 Cxf6 21.Dxf8+ Cg8 22.Cd2 Da6 23.Ce4 b6 , ameaçando 24....Df1+! seguido de 25....Aa6+ e 25....Ab7.; B) A jogada mais forte das brancas aqui é >=19.De5 que deve ser contestada com 19...Ad7 20.Cxd7+ (A mais prometedora ideia das brancas é, sem dúvida, ignorar o bispo preto(depois de 19....Ad7) e continuar 20.Cd2 e 21.Cde4, buscando o ataque.) 20...f6 21.Cxf6 Tf7~~ , uma posição pouco clara surge, aonde a melhor possibilidade branca é jogar g2-g4-g5.; C) 19.Cd2 Da5 Não gostaria de repetir esta linha com pretas, pois hei de confessar que era minha melhor possibilidade naquele momento. A jogada que fiz, no entanto, conduz a uma perda forçada, sem muitos problemas para meu adversário.] 19.De5 Td8 20.Cd2 Dxb2 21.Cde4 De2 22.Cd7+ [As brancas têm uma posição totalmente ganhadora, com múltiplas boas continuações a seu favor. Aqui por exemplo, era possível 22.Ce8+ Rf8 23.Dc5+ Rg8 (23...Rxe8 24.Cf6#) 24.C4f6+ Rh8 25.Df8# . Pois a do texto é também aceitável.] 22...Rh6 23.Dg5+ Rg7 24.Df6+ Rh6 25.Ce5 Tf8 26.f3 De3+ 27.Rh1 Cd7 28.Cg4+ Rh5 29.Cg3# Esta apaixonante partida ilustra um ponto importante: não somente basta surpreender a seu rival com uma inovação na abertura, inclusive se é sólida como uma rocha. Há que seguir jogando bem(como fez Ljubojevic) e, para ganhar, necessita sempre de uma boa "colaboração" do adversário, o que eu dei ao meu rival e que me custou uns quatro mil dólares. 1-0




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